quinta-feira, 19 de abril de 2012

Clarice Lispector - A mulher que matou os peixes.

Eu trago esta resenha para vocês por que gosto muito dos livros dessa autora, e um, que por eu gostar muito de animais, me tocou foi esse:


    




   Mesmo não sendo escritora de literatura infantil, Clarice Lispector escreveu cinco obras para as crianças, entre uma delas encontra-se a obra “A mulher que matou os peixes”, escrita, inicialmente, a pedido de seus filhos e publicada para o alvo mirim no ano de 1969. Baseada na realidade, Clarice relata o incidente que cometeu, ela conta que deixou dois peixinhos morrerem.
Com a linguagem simples e o modo como interage com o leitor, a autora começa falando que a mulher que matou os peixes infelizmente era ela e também jura que foi sem querer. Antes de narrar o fato, o qual ela deixa para contar no fim do livro, pois tem a esperança de ser perdoada, ela cita algumas histórias de bichos que já teve. O primeiro animal que a narradora comenta é uma gata que teve na infância, essa deixava a casa mais alegre na sua concepção. Após tecer o comentário, Clarice diz que na sua casa tem bichos naturais como baratas e lagartixas, menos ratos e bichos convidados e comprados. Ela fala de dois coelhos, dois patos e alguns pintos que já havia comprado. Refere-se, apaixonadamente, a dois cachorros, ambos eram a alegria da família, a um filhote de gorila e a uma macaquinha. 

   Relata dois episódios muito tristes, em um, o cão de um amigo mata outro cachorro e esse, por vingança, é atacado por outros cães, chegando a falecer, e o outro fato trata-se da separação de dois periquitos, fazendo com que a periquita morresse de saudade de seu macho. Depois, ela fala de uma ilha encantada, de tudo o que existe por lá, mas ressalta que é bom ir só para passear, porque para morar é ruim. E por fim, declara como aconteceu o assassinato dos vermelhinhos, era assim que se chamavam os peixinhos, conta que o filho foi viajar e deixou os bichinhos com ela, mas como é uma pessoa ocupada, acabou esquecendo de cuidar dos vermelhinhos, deixando-os morrer de fome.

   É de grande ressalva a maneira como é contada a história, o jeito que Clarice pede perdão, ela chega a conversar com o leitor quando, por exemplo, fala que “Vocês hão de perguntar: por que só no final do livro? E eu respondo: - É porque no começo e no meio vou contar algumas histórias de bichos que eu tive, só para vocês verem que eu só poderia ter matado os peixinhos sem querer.” (p. 08). A preocupação dela em mostrar que não teve culpa nenhuma com o acontecido é veemente expresso em todo o enredo, é visível o amor dela por animais, seja eles de que espécie for. Também, está explícito o grande desejo de ser perdoada e esse desejo pode ser visto na passagem em que ela diz: “Eu peço muito que vocês me desculpem. Dagora em diante nunca mais ficarei distraída. Vocês me perdoam?” (p. 62).

   Essa obra faz mergulhar no próprio imaginário infantil. É uma obra criativa e de uma linguagem
fácil, que convida ao perdão e a reflexão sobre a morte. A leitura desse livro leva o leitor infantil ou adulto a deixar o pensamento livre para criar.

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